Empresário de Marabá e amigo de Zequinha Marinho é preso suspeito de financiar atentado terrorista

Créditos: divulgação 

O empresário Ricardo Guimarães de Queiroz, atuante em Marabá, região sudeste do Pará, foi preso nesta quinta-feira (6), durante uma operação da Polícia Federal que tem como alvo possíveis financiadores do atentado a bomba no aeroporto de Brasília, ocorrido em dezembro de 2022, organizados por apoiadores do ex-presidente JairBolsonaro.

O pecuarista foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua residência em Marabá, sudeste do Pará, onde a polícia flagrou armas sem documentação de posse, o que motivou a prisão em flagrante.

Ricardo Guimarães de Queiroz é ex-prefeito de Itupiranga, também na região sudeste do estado, onde exerceu o cargo entre os anos de 2016-2020 pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB).

Bastante conhecido como pecuarista na região sudeste do estado, Ricardo já foi vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá e presidente de honra do Sindicato dos Produtores Rurais de Itupiranga. Hoje, ele ocupa o cargo de presidente do Sindicato Rural do município.

O advogado dele nega envolvimento dele nos atos golpistas. A operação Embarque Negado da Polícia Federal cumpriu seis mandados de busca e apreensão em Marabá (PA), um em Água Boa (MT) e quatro no Distrito Federal. Os suspeitos de envolvimento são investigados pelos crimes de atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo, crime de atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública e associação criminosa.

Envolvimento com corruptos e milicianos, com as bênçãos de Zequinha Marinho

Nascido em Carmo do Paranaíba (MG), Ricardo Guimarães possui um dos maiores rebanhos de gado de Itupiranga. Em 1992, tornou-se “cidadão itupiranguense” e, em 2017, “cidadão do Pará“, em decreto assinado pelo deputado estadual Raimundo Santos (PSD).

O bolsonarista foi dono de uma rede de televisão em Marabá, a R. R. Rede Comunicação, junto ao então sócio Raimundo de Oliveira Filho, um ex-superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), condenado por improbidade administrativa em 2017 pela Justiça Federal. De acordo com o processo, Raimundo liberou R$ 1,9 milhão em verbas públicas para uma empresa recuperar vias não pavimentadas e pontes em assentamentos. O serviço jamais foi entregue.

Em sua prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando eleito vice-prefeito de Itupiranga, em 2016, Ricardo declarava ser dono de outra empresa, a R G de Queiroz Ltda, com sede em Itupiranga. O mesmo CNPJ declarado pelo líder ruralista aparece em nome da Gar Lucena Agropecuária, que tem como sócio o fazendeiro José Maurício da Silva Lucena. Em 2019, o pai e o irmão de Maurício, José Iran da Silva Lucena e Matheus da Silva Lucena, foram presos pela Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca), apontado como o chefe de uma milícia rural armada que atuava contra posseiros e sem-terra no sudeste do Pará.

As conexões de Ricardo Guimarães não impediram que ele fosse homenageado publicamente no Senado. Na última quarta-feira (04), o senador Zequinha Marinho (Podemos) cumprimentou o bolsonarista no plenário, ao divulgar a Feira de Exposição Agropecuária de Marabá (Expoama). “Eu quero aqui cumprimentar o presidente do sindicato rural de Marabá, nosso amigo e produtor rural, Ricardo Guimarães, o seu vice-presidente, o nosso querido Nenê do Manelão, toda a diretoria do sindicato, assim como também da Expoama”, disse.

Foi Zequinha quem deu o aval, em novembro de 2022 — um mês antes do atentado frustrado ao aeroporto de Brasília — para que George Washington participasse de uma audiência pública no Senado, organizada por Eduardo Girão (Novo-CE), onde os participantes questionaram o sistema eleitoral e pediram um golpe militar.

Nenê do Manelão, citado por Zequinha, é o apelido de Antônio Vieira Caetano. Ele e Ricardo são citados no mesmo processo do MPF sobre os atos terroristas. Uma medida cautelar impediu que os dois fizessem postagens em redes sociais “voltadas a conferir descrédito ao sistema eleitoral brasileiro”, sob pena diária de R$ 100 mil.

Com informações de G1 e De Olho nos Ruralistas. Edição de Ju Abe.

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